quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Esperança

Caindo como um metal frio no chão, esta era a sensação que eu tinha ao perceber que meus joelhos tocavam o solo. Preso em correntes que meus punhos não podiam destruir, era este o sentimento que minha alma carregava.
Eu já não sentia mais o prazer por destruir meus ossos contra os muros de concreto que me impediam de tentar. Eu já não sentia mais o medo por perder a minha própria humanidade. Eu já sabia que a dor pelo buraco em meu peito havia me dominado.

Eu já não era o mesmo que um dia fora...

Tudo que eu podia fazer era gritar, enquanto minha garganta era estraçalhada por minha própria agonia.
Tudo que eu podia fazer era correr, enquanto meus músculos se destruíam na esperança de um dia encontrar uma paz.

Eu podia sentir os seus dedos tocando os meus braços, eu podia sentir o seu abraço enquanto fechava os meus olhos.
Eu poderia arrancar a minha pele e queimá-la, se isto fosse eternizar esta sensação.

Eu sentia estas correntes em torno de meu pescoço e meus braços.
Eu sabia que não havia forças para destruí-las, e nem por isso em momento algum eu não parei de tentar rompê-las.
Esperança, foi algo que um dia havia em meu coração gelado que agora está diante de meu corpo frio.
Esperança, que um dia eu estaria livre. Assim como o músculo cardíaco que está liberto de suas obrigações em meu corpo.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Percepção

Eu arrisco a dizer, depois de várias horas divagando, que o que nos atormenta na verdade é exatamente os significados que acumulamos acreditando que seja realmente este o motivo de estarmos aqui. Somos humanos, criaturas destinadas a sentir as coisas. O nosso instinto primário é o sentimento. Seja ele qual for, dor, solidão, alegria ou prazer, são todos parte de nossa natureza. Nós precisamos disto. Nós imploramos por isto, até que um dia isto nos destrua. Talvez este seja o real sentido de estarmos neste mundo. Nos afogarmos em sensações até que a nossa razão não possa mais classificar todas, e seja levada, ficando apenas a apreciação de tudo que nos cerca. De tudo que nós somos, ou nos tornamos com o tempo.

Talvez, essa seja realmente a resposta final do universo. Não somos nada, apenas esferas de sensações. Prontas para serem sentidas, estraçalhadas, remontadas, e esquecidas. Nossa busca por um significado por mais árdua que seja, não tenha importância nenhuma no final. A iluminação é um conceito turvo, esquecido pelo tempo. Não se trata de conhecimento, e sim de percepção. Daquilo que se é por essência, daquilo que se pode sentir. Daquilo que se pode absorver em nossas esferas.

Talvez a evolução nos tenha distanciado do real propósito, que é o de sentir, de perceber.

domingo, 17 de novembro de 2013

Você me faz querer gritar

Fiz várias tentativas em vão de alcançar uma paz interior que beira à utopia.
Atormentado pelo ar em torno de mim, a existência me obriga a acordar e ver minhas próprias mãos retalhando a minha carne com uma alegria desconhecida.
Alguém me viu fazendo isto, alguém se assustou, mas este alguém não consegue entender.
Você me faz querer gritar, em resposta a tudo que você tem tentado mudar em mim.
A perfeição que você me exige, é algo impossível de se alcançar, mesmo que eu tenha a eternidade deitada na mesma cama que eu.
Eu temo que eu não possa suportar os meus gritos em minha cabeça, atordoando a minha sanidade,
você realmente me faz querer morrer.
Minhas viagens internas não são mais o suficiente, eu tento resgatar uma alma que eu acredito nunca ter possuído.
Inocência, esperança, são coisas que eu simplesmente acho graça, por nunca ter conhecido.
Isto dói, mas não tanto para me fazer parar de me torturar.
Claramente, perdido, eu já não tento mais ir contra a luz que me cega, é claro que já não tenho minha alma quando eu vou dormir.
Eu não gosto de você, de todo modo, você me faz querer gritar.
Eu realmente não gosto de você, você me faz querer morrer.
Apenas eu, apenas me reflexo distorcido em qualquer superfície, aquele não sou eu.
Eu não sou eu.
Deixe-me dizer o que se passa em minha mente, deixe que eu me corte para atingir a redenção.
Permita que eu me deite neste chão sujo, nesta poça de água fria, e sinta o meu corpo esfriar, sinta a minha vida passar por meus olhos, sinta que eu ainda exista, sinta que ainda exista qualquer coisa por aí.
Não me acorde de meus sonhos, deixe eu ser aquela criatura que acorda e está anestesiada por toda a dor que ela mesmo a provocou.
Permita-me mostrar a minha loucura, mesmo que ela não seja de fato minha...

sábado, 16 de novembro de 2013

Ilusão

Por um momento, eu vendi a minha alma, para que toda essa dor pudesse apenas desaparecer.
Temi por tantos anos a minha sombra, a minha própria sombra, evitando que eu me tornasse assim como ela.
Totalmente dependente de uma luz que não é minha, para concretizar a minha existência.
Chorei por dias em que em minha mente a chuva tomava conta, o tempo totalmente nublado não permitia a entrada de luz, e minha alma congelava dentro de um corpo que nunca a suportou.
Eu pude voar, por um momento, eu pude sentir calor, por pouco tempo.
Tempo em que eu perdia minha mente, tempo que eu me matei de dentro pra fora...

Acorrentado a minha dor, miserável por existir, estando sempre nas fronteiras de meu limite.
Amor, ódio, palavras que sempre desejei em meu coração.

Eu vendi a minha alma por uma ilusão, ilusão em que eu não estaria mais dentro desta jaula,
as grades me torturam por me limitar, meu corpo me limita por me torturar,
eu não consigo sentir nenhuma emoção por tão anestesiado que fiquei por tanto tempo,
desistindo de minhas divindades, desistindo de minhas crenças,
matando a minha essência, eu não suporto mais esta dor.
Eu vendi a minha alma por uma ilusão, que eu nunca pude alcançar...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Mercy

Não se preocupe, nenhuma destas marcas vai deixar cicatrizes.
Não precisa chorar, meu coração vai continuar batendo mesmo com esta faca o atravessando.
Não mostre sua misericórdia, o mundo irá destruí-la ser perceber isto.

Deixado para trás, em meio a estas grades de ferro, como um animal selvagem,
alimentado por sentimentos tão negativos que nem ao menos são mais humanos,
livre de toda sua vergonha, livre de toda a sua dor, livre de todos os seus pecados.
Não chore mais, não mostre sua misericórdia por quem não acredita mais na dor.
Não sinta pena daquele que não mais pode sentir a vida.

Não se preocupe, este sangramento não pode mais me matar.
Não precisa nem ao menos tentar, eu já não estava mais vivo desde o momento que você entrou por aquela porta.
Não mostre sua misericórdia, ela me enche de raiva.

Destruído a cada passo que dei para minha própria sentença de morte,
eu mesmo trilhei o caminho de minha ruína,
perdendo a vontade de retomar a estrada que me levaria a redenção,
decaí ao nível de uma besta que só pode agir por instinto,
caçando por cada cicatriz que agora adorna a minha pele...

Não precisa mais se importar, quando meus joelhos tocaram o solo eu já havia deixado este mundo.
Poupe suas lágrimas, minha alma sangra dentro desta prisão e parece não se importar.
Por isso, não me mostre a sua misericórdia. Eu já não me importava mais com a dor.

domingo, 3 de novembro de 2013

Viagem

Sabe, eu queria fazer uma viagem.
Conhecer o universo, sem tempo pra voltar, ou mesmo pra partir.
Apenas seguir o brilho das estrelas, ir para todos os lugares.
Eu queria ainda poder te levar, ver todos os cantos do mundo.
Aprender um pouco de todas as culturas, mesmo as perdidas,
viver cada dia em um lugar diferente. Comer sempre um prato diferente.
Dormir cada dia em uma cama diferente.
A única coisa em comum, seria apenas você ao meu lado.
É uma viagem insana. E se eu ao menos for partir, eu a deixarei saber.
E o convite estaria em meu sorriso.
Você sempre poderá fazer parte de minhas viagens insanas pelo universo...

Sentir

Eu me prometi sentir tudo ao meu redor.
Desde aqueles pequenos momentos de felicidade, que tomam a nossa alma e nos fazem sentir eternos,
como aqueles torturantes e intermináveis dias em que o mundo se destroça na nossa frente.
Eu me prometi, sentir tudo aquilo que por anos eu venho guardando no fundo de minha existência.
Todas as vezes que não só meu corpo recebeu cicatrizes,
mas também desejei que o tempo não continuasse o seu curso normal.
Eu queria poder permitir que o sentimento fluísse, naturalmente,
mas eu temo que o meu desejo de queimar tudo tomasse o meu espírito.

Me sinto um tolo, por demonstrar tanta fraqueza em minhas palavras.
Me sinto um tolo, por ter alimentado este chão por tantas vezes com meu próprio sangue.

Eu vejo em minha mente, sempre que eu quis quebrar os meus ossos, destruir minha carne,
que eu desejei interromper com minhas próprias mãos o tempo,
momentos que eu mesmo não sei explicar como eu pude sobreviver.
Eu me prometi sentir todas estas emoções, tudo que eu mantenho no canto escuro de minha alma...

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Sem palavras

Minha respiração apenas é pesada demais para as palavras,
minha vida complicada demais para que eu posso entender.
Meus desejos, sufocados, apenas uma sobra daquilo que havia em meu coração.
Mas honestamente, poderia esquecer toda esta escuridão por você.

Eu tinha planos em que nenhum deles eu poderia morrer,
coisas que eu gostaria de fazer, que eu gostaria de ser,
verdades que eu mantinha em minha mente apenas para não estar perdido.
Eu havia desistido de tudo isto apenas por você...

Minhas mãos estão cortadas, o sangue apenas escorre para fora de minhas veias,
eu vejo minha vida fluir por estes pequenos cursos de um líquido vermelho,
eu sinto a dor ser anestesiada pelo tempo.
Eu vejo o tempo impotente contra todas as feridas, e apenas guarda as cicatrizes...

Eu não consigo mais dizer nenhuma palavra,
minha garganta está seca, e não há nada mais que eu possa fazer.
Minhas crenças, todas destruídas pela falta de fundamento.
Minha fé, não pode mais estar onde eu estou...