quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Redenção

Este é um daqueles dias que eu não posso mais reconhecer o som de meus próprios passos.
Este é um dia, em que a figura que eu vejo refletida no espelho, é de um completo estranho.
Este é apenas um maldito dia, em que todas as minhas memórias estão jogadas em minha cara,
me lembrando o quanto eu estive andando na direção errada.

Eu mal quero levantar da cama, depois de uma noite de sono mal dormida.
Eu não sonho mais, e quando isso acontece, eu apenas tento esquecer a minha própria realidade.
Antes que eu enlouqueça, eu queria que você soubesse, que por todo este tempo,
eu desejei que eu não pudesse acordar na manhã seguinte.

Pensamentos cruzam minha cabeça como se fossem projéteis,
antes que eu possa barrá-los, eles apenas continuam a destroçar meu crânio,
em um maldito show de horrores que ninguém pode ver.

A agonia me consome, como se cada célula do meu corpo,
apenas gritasse por uma salvação que eu jamais poderia alcançar.
E nesta completa tortura, eu apenas não sei se eu posso mais acordar mais algum dia.

Antes que eu possa acordar, antes que eu permita que estes pensamentos abram minha cabeça novamente,
eu queria apenas um momento de lucidez, um momento sem agonia,
um momento em que a esperança de redenção pudesse estar tomando a minha mente.
Neste som agoniante, eu apenas desejo que a manhã seguinte seja diferente.
Que eu possa acordar e perceber que tudo foi apenas um sonho ruim.
E que eu finalmente possa encontrar, a paz...

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Crenças

Você me viu enquanto eu caía no abismo,
você me viu ignorar as feridas e partir para a guerra,
você me viu perdido dentre tantas almas perdidas,
agora eu sou só mais um esquecido pelo tempo, corroído por meus medos...

Enquanto os céus negavam a minha existência,
enquanto eu era expulso do paraíso pelos anjos que um dia me protegeram,
minha mente se perdeu, na queda eu apenas fechei meus olhos para a luz que havia em mim,
agora não sei mais o que se passa ao meu redor, apenas...

Ouvi e acreditei em todas as mentiras de um paraíso...
Eu vivi o sonho de me redimir sem pensar nas consequências...
Apenas ignorei o preço por esquecer as minhas próprias verdades.
Eu segui cegamente as suas crenças, para no fim descobrir que todas eram falsas...

domingo, 13 de outubro de 2013

Breath

Eu disse o quanto eu preciso de você?
Alguma vez já disse o quanto eu quero você?

Eu entendo, você se assusta com o meu jeito, de como eu mostro os meus sentimentos.
Eu queria você comigo, enquanto eu sei que posso respirar...
Essa música tão tranquila, me lembra que eu me sinto bem quando estou do seu lado.
Eu me sinto humano neste pesadelo de bestas que me cercam.
Eu respiro, e sinto seu perfume...

Eu já disse o quanto eu preciso de você?
Eu já disse que me sinto um tolo por sorrir toda vez que eu te vejo?

Eu sinto meus ossos tremerem quando vejo o seu sorriso,
nada que eu penso consegue ser claro o suficiente,
nada do que eu possa dizer pode ser compreendido facilmente...
Eu apenas sinto que você me completa, me torna melhor.

Me sinto culpado por todos os meus pecados,
eu sinto que cada erro que eu fiz, me tornou indigno de poder tê-la ao meu lado,
eu me sinto sem sorte, por meu caminho ser tão tortuoso...
Me sinto orgulhoso, de certo modo, eu ainda respiro e sinto o seu perfume,
e sei que cada falha me fez te conhecer...

Fique comigo aqui, só por esta noite, eu prometo, você não vai se arrepender...
Eu já disse o quanto eu preciso de você?
Fique aqui, só observando as estrelas, enquanto eu memorizo cada traço seu...
Eu já disse o quanto eu quero você do meu lado?
Fique aqui, não deixe meus pensamentos obscuros me consumirem novamente...

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

I don't know

Eu não reconheço mais a figura no reflexo do espelho.
Não foi o tempo deteriorando a minha memória, ou mesmo a minha forma física.
Não foram os anos, ou todas as batalhas que me deformaram em seu curso.
São estes olhos, tristes e desiludidos que eu vejo me encarando.
Eu não sei mais, nem ao menos, o que eu me tornei.
Parece que eu não vivi neste corpo, ou que meu espírito não estivesse sob esta pele...
Eu não reconheço a estrada que está atrás de mim, ou mesmo o caminho a minha frente.
Não posso mais indicar a música que marcou meu coração.
Não sei nem ao menos dizer se posso estar bem,
ou se vou partir na semana que vem.
Tudo que eu tenho feito é observar o meu mundo ruir,
com meus pés e mãos acorrentados por minha consciência.
Eu tenho estado aqui por tanto tempo, que meu corpo já se sente desgastado.
Eu tenho lutado de forma tão dura, que as cicatrizes nem se fecham mais.
Eu tenho me ignorado de tal forma, que minha voz já não consegue sair...

Retorno

Eu passo tanto tempo em fúria, que nem conheço minha natureza mais.
Eu não faço ideia do que posso fazer comigo a respeito disso,
mas a muito tempo que tenho me sentido perdido.
Sem sorte, não consigo encontrar um caminho, ou uma forma de lhe encontrar.
Você pergunta se estou bem, mas realmente não está interessada na resposta.
Eu vejo em seus olhos que você tem se afastado de mim,
e que hoje não somos nada mais do que estranhos que cruzaram em uma rua.
Eu vejo a chuva cair, e nada mais fazer sentido.
Eu desejava não sentir esse vazio, não me destruir com toda este ódio dentro de mim.
Não importa o quanto eu negue, mas eu ainda me importo com o que você tem a dizer.
Me sinto tão distante, mas mesmo assim não consigo retornar. Não mais.
Não consigo mais retornar, não com minhas próprias pernas.
Simplesmente eu caí, junto com essa chuva.
Perdido, sem sorte, não consigo mais retornar.
Perdido, cego por minhas sombras, eu não consigo mais retornar para os seus braços...

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Beast

Perdido em um mar de fúria e escuridão,
o que poderia fazer? Este instinto de auto-destruição continua invadindo minha alma.
Olhe a besta que eu posso me tornar,
destruindo tudo que está ao meu redor e absorvendo toda esta dor.
Eu pude retalhar minha alma com minhas próprias mãos,
mas nunca seria o bastante para acalmar meu coração.

Você não entende, você nunca entendeu...
Eu me destruí, enquanto lhe amava,
eu não posso mais parar, eu não posso mais controlar toda esta raiva...

Tudo que respira, tudo que pulsa, tudo que vive...
Tudo isso me causa fúria, me faz querer destruir...
Eu não posso mais me sentir assim, não posso mais me quebrar desta forma...

Eu me afastei, enquanto eu não me reconhecia em meus pensamentos,
eu vi o que a vida fez para mim, me fez correr para longe e rápido,
para um lugar que nem eu nem você poderíamos me encontrar...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

"Então, se você se importar, eles podem te matar."

"Então, se você se importar, eles podem te matar."
Dizia aquele monstro a criança que não parecia com medo em momento algum.
Aquela criatura não podia entender o que acontecia,
por mais que seus olhos só refletissem a morte,
por mais que sua figura fosse a de um demônio,
aquela criança não parecia se importar.

"Como eles podem matar uma criatura tão forte como você?"
A dúvida era o único sentimento expresso pela criança.
Aquele demônio em forma de humano estava confuso,
acostumado em trazer dor, e se alimentar de tudo isto, não conseguia entender o que se passava.
Ele só queria sangue, ele só queria preencher aquele vazio, e mesmo assim,
não podia ver o medo naqueles olhos inocentes...

Apenas responder aquela pergunta importava agora.
O vazio, havia tomado conta de sua existência, e o monstro não queria mais a matança.
Ele não reconhecia mais o reflexo que via no espelho.
Sua forma parecia estranha, depois de tanto tempo.

Saindo daquele quarto, após alguns segundos que pareceram tão longos quanto décadas,
a criatura se vira, observa aquela criança, e apenas responde:
"Quando disse "eles", me referia aos sentimentos. Se você se importar, eles vão te matar..."
Depois deste momento, aquela frase se tornou apenas uma memória,
e a criatura foi destruída de todas as suas lembranças...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Vitae

Seu sangue, correndo tão vivo em suas veias, tão quente,
me faz desejá-la mais do que o ar que eu respiro.
A cada toque em sua pele, esta se arrepia correspondendo ao prazer do ato.
Minhas mãos trêmulas pela sede, apenas seguem o caminho por entre as curvas de seu corpo...

Seu sangue, pulsando através deste corte...
Vermelho, tão vivo... Tão saboroso...
A sede incontrolável me faz beijá-la.
A sede incontrolável me faz provar de sua vitae que escorre na sua pele...

Seu sangue, em meus lábios, ainda carregam a vida que esvai de seu corpo.
Em meus lábios, seu sangue continua quente, quase como se ardesse em meu corpo,
e fizesse um coração morto há muito tempo atrás voltar a pulsar.

Seu sangue, que agora a pouco estava em seu corpo, agora pulsa em minhas veias.
Com a mesma vida, com o mesmo calor que havia em seu corpo, agora já frio...
Seu sangue me fez sentir vivo, quente, como nunca antes...