sábado, 28 de dezembro de 2013

Sussurros

Posso ouvir a sua respiração próxima de minha pele.
Sentir o ar que sai por entre seus lábios semi-abertos.
Provar do doce toque de suas mãos em meu pescoço.
Sussurrar em seu ouvido palavras tão obscenas que a tirariam de seu chão.
Acompanhar as curvas de seu corpo dançando com meus dedos.
Lá fora está tão frio, que nem percebemos quando o vidro ficou embaçado.
Um abraço forte nos mantém tão perto que nossa respiração parece se fundir.
As batidas aceleradas de nossos corações parecem ritmadas misticamente.
Seu sussurro em minha pele nua causa arrepios.
Cada beijo de seus lábios deixa minha pele incendiada.
Enquanto nos deitamos neste mar de perdição nossos gritos são abafados.
Cada angústia desaparece de nossas vidas.
Só importa aquele momento, mesmo que a eternidade não seja mais tão literal.
Só mantemos nossos corpos tão perto que quase se tornam um.
Mesmo que o mundo congele, estaremos quentes nesta cama.
Nós mudamos tanto com cada toque que já somos quase estranhos.
Nos mantemos em chamas com o arrepio de sussurros e beijos.
Enquanto nossos corpos bailam em um ritmo vigoroso.
Preenchemos o vazio de nossas almas com a nossa própria carne.
Damos cores ao mundo cinza que reflete em nossos olhos com o nosso próprio sangue.
A dança de nossas almas é guiada por cada suspiro de nossos corpos,
a dança de nossos corpos é guiada por cada sussurro de nossas almas...

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Metáfora

Estes dias eu percebi que meus estados espirituais tem variado como o vento em uma tempestade.
Sorrisos, ataques de fúria, não acompanham o limite das dimensões do tempo, e se confundem muito mais do que eu possa mesmo perceber.
É como se acordar todos os dias tenha se tornado minha tortura pessoal.
Me sinto perdido, drenado, com um buraco na alma que nada mais pode preencher.
Eu ouço a música que toca enquanto respiro.
Ela me diz coisas que por mais que eu lute, eu não consigo me livrar.
A nostalgia tem se feito cada vez mais dolorosa a cada vez que assume o meu corpo.
Eu queria arrancar este coração que teme, este coração que pulsa veneno em minhas veias,
este coração que tem mentido apenas pela satisfação da dor.
Eu apenas queria acordar e ouvir as palavras que poderiam me libertar.
Eu não quero mais ouvir a razão para abrir meus olhos a cada manhã.
Eu poderia usar as correntes que prendem os meus braços e pernas em volta de meu pescoço,
e saltar para o nada.
De uma forma metafórica, eu acho.

Reflexo

Por um tempo eu fingi algumas respostas apenas para agradar a todos.
Hoje, eu já não sei mais o que você quer ouvir, ou ao menos o que eu quero falar.
Sinto o peso dos céus em meus ombros, as palavras se tornam confusas até que desligam a minha mente.
Poderia eu estar perdendo a sanidade? A loucura finalmente ficara mais forte que as correntes que prendem as minhas mãos?

Eu acordo, eu tenho medo do que vejo no reflexo do espelho,
eu não sei se este diante meus olhos algum dia já foi o que eu costumava ser.
Eu não quero dormir, mesmo que meu corpo comesse a esfarelar,
o cansaço não significa mais nada, enquanto minha mente se perde no turbilhão que eu não posso controlar.

Eu nem ao menos gosto de nada disto, por que eu ainda me importo?
Não acho graça nisto que todos riem como bestas,
eu não suporto ouvir estas palavras tolas,
agradeceria se arrancasse a minha cabeça e me privasse de ver tudo isto.

Eu não tenho sido tão verdadeiro comigo mesmo,
realmente gostaria de explodir meus pulmões de tanto gritar.
Eu não acho que esteja tudo bem,
eu não quero acordar e ver de novo o que eu tenho visto no espelho todos os dias...
Não me deixe encarar meu reflexo amanhã...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Forje minha carne

Forje seus sorrisos, forje suas respostas, forje o seu tempo, forje sua religião,
de todo modo, eu não me importo.
Viva sua mentira, a conte para todos, se orgulhe de suas palavras frias.
Eu temo que nada disso signifique nada para qualquer um, e mesmo assim é o seu sonho que é destruído.
Eu não me importo com minha alma. Eu não consigo vê-la neste espelho quebrado e marcado com meu sangue. E de todo modo, eu não vou mais brigar, eu não me importo.

Forje seus sonhos, forje a sua própria esperança, forje seus sentimentos, forje o nosso amor...
Eu não pude mais encarar o que eu me tornei. Meu corpo não se importa mais.
Minhas mãos marcam de sangue este espelho estilhaçado em minha frente.
Eu não sinto seus lábios quando eles se encontram com os meus...
De todo modo, eu já me importei...

Eu poderia gritar na potência máxima de meus pulmões, mas será que você me ouviria?
Eu temo, que nada disso mudaria nada,
você já não poderia mais sonhar, você não iria mais ao menos respirar, não mais.
Eu já não gosto mais disso. Eu poderia simplesmente destruir tudo. Você me faz querer destruir isto tudo.
Mas de todo modo, eu não me importo.
Forje a minha carne. Forje os meus olhos. Forje a minha alma.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sem título

Eu tenho algo a dizer, e realmente não faço ideia por onde começar.
Eu morri hoje.
É estranho, e beira a loucura dizer isto em voz alta. Mas eu acho... melhor dizendo, eu tenho certeza, que é o que se passa em minha mente neste, e em tantos momentos recentes. Eu me vi sangrando por tanto tempo, alimentando um corpo que já apodrecia a bastante tempo. Meu ego, parece ter tomado toda a minha essência.
Definitivamente me sinto um receptáculo que não pode mais ser habitado. Esta carne que se prende aos meus ossos, não parece ser minha. Me sinto frustrado. Esmagado por sonhos tão mortos quanto eu, mutilado por uma esperança que já não cabe a mim mais possuir.
É como se eu não pudesse mais me mover, preso em correntes que nem meus olhos podem enxergar.
Eu não espero por misericórdia. Sei que grande parte disto é resultado de meus passos no passado que assombra o presente e nubla a minha alma.
Por favor, não tome a minha culpa. Eu aprendi a conviver com ela, e também a não delegá-la se não a mim mesmo. A única coisa que talvez eu lhe peça, é que reflita. Aceite a própria culpa. Veja os sinais que gritavam através de minha garganta. Veja, que eu tentei ao máximo dizer que eu já estava morto, e que prontamente você ignorou durante todo este tempo.